SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM: CONTO! PONTO DE ENCONTRO! - (Silvia)
CONTO: PAUSA
AUTOR: Moacyr Scliar
Tema/Aula : Leitura
OBJETIVO
Reconhecer características do gênero Conto;
Reconhecer o tema abordado;
Localizar informações explícitas e implícitas ao longo do conto;
TEMPO PREVISTO – 4 a 5 aulas
CONTEÚDO/ TEMAS
Conto;
Teoria da Narrativa (personagem, tempo, espaço, enredo, foco narrativo), que facilitam o processo de leitura literária;
HABILIDADES
Analisar textos literários;
Levantar conhecimento prévio sobre o assunto;
Dominar estratégias da narrativa literária;
Localizar ou construir o tema ou a idéia principal;
Identificar palavras-chaves para determinar os conceitos vinculados;
Construir o sentido global do texto;
Inferir significação ao texto, reconhecendo a função social do conto;
ESTRATÉGIAS
Antes da leitura:
(Com o título na lousa – “Pausa” - ativar conhecimento de mundo do aluno):
- A partir do título “Pausa”, perguntar aos alunos o que o título supõe e que irá ser tratado no texto?
- Investigar o conhecimento prévio do assunto através de abordagens como: Conhecem esse autor? Ou outros textos escritos por ele? Os temas que o autor aborda nos outros textos?
- Levantar hipóteses sobre a leitura do conto;
Durante a leitura:
(O texto será entregue completo para os alunos, porém a leitura será fragmentada para que possam localizar e comparar as informações explícitas e implícitas no texto que será apresentado por um data show - o texto será dividido em quatro partes).
1ª Parte
“Vestiu-se rapidamente e sem ruído”.
- Por que vestiu-se rapidamente e sem ruído? Num domingo...
- O quê você espera que vai acontecer? (levante as características e questionamento da esposa)
- E a resposta do marido?
- Que expectativa essa resposta cria em você em relação ao título?
(Produção de inferências locais e globais);
- Mudaram suas expectativas? E o que acham do comportamento da personagem?
- O ambiente/espaço contribui para essas mudanças? ( Ruas úmidas de cerração, guiar vagarosamente, estacionar numa travessa quieta, no cais, hotel pequeno e sujo).
“Olhou para os lados e entrou furtivamente”.
- Por que será que Samuel estava tão apreensivo? Por que mudou seu nome? Em que lugar ele chegou?
- Samuel tem liberdade em sua própria casa? Sim ou Não? Para come, por exemplo, como ele age? (quatro sanduíches) ...
- O ambiente procurado por Samuel é semelhante ao ambiente da sua casa?
- Identifiquem os outros personagens e suas características, ao que elas remetem?
“Dormir”.
- Por que o verbo dormir está no infinitivo? Por que será que o verbo aparece sozinho, constituindo uma oração? Será que isso não é feito propositalmente pelo autor para dizer algo para nós? O que será?
4ª Parte
Final do conto.
- O que aconteceu?
- O que o personagem fazia todos os domingos?
- Rompeu com as expectativas levantadas no início?
- Por que o autor citou um sonho tão conturbado em um texto que traz como título “Pausa”?
- Intertextualidade ( com imagens); elaboração de apreciações de estética e / ou afetivas; elaboração de apreciações relativas e valores éticos e/ou políticos.
- Gostaram do texto? Indicariam ele para outros colegas lerem? O que mais chamou a atenção de vocês durante a leitura?
RECURSOS
Lousa, cópias do texto, data show
AVALIAÇÃO
Oral ( debate): apreciação dos seguintes itens:
Identificação do tema e da idéia principal;
Compreende conteúdos não explícitos que envolvem inferências e integração de segmentos do texto.
Avaliação crítica do texto lido.
Grupo:
Francieli Nogueira Silva
Cristina Aparecida Salvador de Alcântara
Cleide de Melo e Mello
Ivone da Silva Santos
Eliana da Silva Venâncio
Norma Regina de Melo
Silvia Aparecida Araujo
Flávia dias Borborema
Maria Bernadete Guedes da costa
Márcia Tavares Dias
Conto: PAUSA
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
- Vais sair de novo, Samuel? Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
- Todos os domingos tu sais cedo - observou a mulher com azedume na voz.
- Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente. Ela olhou os sanduíches: - Por que não vens almoçar?
- Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche. A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse a carga,
Samuel pegou o chapéu:
- Volto de noite. As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando
Capítulo 6 Professor: Edson um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé.
A gente |
- Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? - Estou com pressa, seu Raul! – atalhou Samuel.
- Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. – estendeu a chave. Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade.
- Aqui, meu bem! - uma gritou e riu: um cacarejo curto. Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos.
Dormir. Em pouco dormia. Lá embaixo a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, as jornaleiras gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista. - Já vai, seu Isidoro?
- Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio. - Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
- Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
- O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo do cais guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.
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